sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quando “lavar as mãos” não significa se omitir

Uma das consequências benéficas da gripe que está assolando o mundo é que ela despertou em nós a consciência para a importância da higiene, principalmente do hábito de lavar as mãos.


A chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Pequeno Príncipe, de São Paulo, Dra. Heloísa Giamberardino, afirma que “o cuidado com a higiene das mãos deve ser ensinado às crianças o mais cedo possível. Quanto mais cedo elas aprenderem a lavar as mãos, mais fácil será manter esse hábito ao longo da sua vida e mais protegidas elas estarão”, diz a médica.

A famosa Clínica Mayo, dos Estados Unidos, afirma que o simples hábito de lavar corretamente as mãos “é, comprovadamente, a melhor maneira de evitar doenças”. Apesar dos benefícios à saúde da lavagem de mãos, muitas pessoas não praticam esse hábito tão frequentemente como deveriam, diz um alarmante estudo publicado pelos médicos dessa clínica - até mesmo depois de usar o banheiro. Durante todo o dia os germes se acumulam nas mãos de uma variedade de fontes, como através do contato direto com as pessoas, superfícies contaminadas, animais e resíduos de animais. Se você não lavar as mãos com frequência suficiente, diz o estudo, você pode infectar-se com esses germes tocando em seus olhos, nariz ou boca. E você pode espalhar esses germes para outras pessoas ao tocá-las ou ao tocar superfícies que elas também tocam como maçanetas de portas, por exemplo.

A higiene inadequada das mãos também contribui para doenças ligadas à alimentação. Barry Michaels um dos maiores especialistas mundiais do assunto, durante o Congresso Mundial de Segurança Alimentar, já em 2002, afirmava que "a educação para a lavagem das mãos a nível mundial permitiria uma redução dos níveis de doenças entre 30 e 40 por cento". Na sua intervenção nesse congresso, que reuniu alguns dos melhores especialistas mundiais em segurança alimentar, Michaels salientou que se estima que as doenças provocadas por problemas alimentares afetem anualmente 130 milhões de europeus, 76 milhões de americanos e 4,7 milhões de australianos e a maior parte dessas doenças é causada pela falta de higiene na manipulação dos alimentos. No Brasil, os números não são menores.

A UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância – afirma que “o melhor acesso à água e saneamento não conduz, por si só, necessariamente, à melhoria da saúde. Há agora uma evidência muito clara que demonstra a importância do comportamento higiênico, em particular do hábito de lavar as mãos com sabão nos momentos críticos: após defecar e antes de comer ou preparar alimentos. Lavar as mãos com sabão pode reduzir significativamente a incidência de diarréia, que é a segunda principal causa de morte entre crianças menores de cinco anos de idade”. Estudos recentes sugerem que lavar as mãos regularmente com sabão, nos momentos críticos, pode reduzir o número de ataques de diarréia em quase 50 por cento, afirma a UNICEF.

Boas práticas de lavar as mãos também são comprovadamente eficazes para reduzir a incidência de outras doenças, como a pneumonia, tracoma, escabiose, infecções da pele e dos olhos, diarréia e doenças relacionadas como a cólera e a disenteria.

A chave para o aumento da prática de lavar as mãos com sabão é promover a mudança de comportamento através da motivação, informação e educação. Há uma variedade de maneiras de fazer isso, incluindo campanhas nacionais de mídia, aulas de higiene para as crianças nas escolas e o incentivo das crianças para que demonstrem práticas de boa higiene para as suas famílias e comunidades e o total engajamento das empresas na educação de seus colaboradores.

E em relação à gripe que nos atinge, temos que lembrar que apenas 50 segundos para lavar as mãos, com água corrente e sabão várias vezes ao dia, pode reduzir o risco de contaminação com a Gripe A, em cerca de 60%, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assim, é tempo de todos nós nos engajarmos numa ação permanente de higiene. Segundo José Pedro Machado, no seu inestimável Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, higiene vem do francês hygiène, e este do grego hugieinē (téchnē), que quer dizer “aquilo que contribui com a saúde ou a arte relativa à salubridade”. Assim, lavar as mãos é “contribuir para a saúde” e ensinar esse hábito saudável talvez seja a mais eficaz e barata forma de salvar pessoas.

Pense nisso. Sucesso!


PROF. LUIZ MARINS

Fé em Domicílio


A revista IstoÉ (24/7/09) trouxe uma matéria interessante, de Maíra Magro, sobre os pequenos grupos. Curiosamente, a reportagem dedica mais espaço à prática na Igreja Católica do que entre os evangélicos, que já usam essa abordagem há mais tempo.


"A crescente adesão ao movimento conhecido por igreja em casa é a prova de que lugar de oração não é só no templo. O movimento abrange católicos e evangélicos, que veem nessas reuniões uma forma de incentivar as relações pessoais e, ao mesmo tempo, conquistar novos adeptos. 'Cada vez mais, o Vaticano tem produzido documentos estimulando a igreja a ir até as casas', afirma a socióloga especializada em religião Sílvia Regina Alves Fernandes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.


"Um dos mais tradicionais grupos de oração do Rio é organizado por uma representante da alta sociedade, a paulista Glória Severiano Ribeiro, 54 anos, da cadeia de cinemas Severiano Ribeiro. Ela reúne cerca de 50 amigas em sua casa, duas vezes por mês, com a presença do padre Marcos Antônio Duarte, da paróquia de São Conrado.

"Na paróquia São Benedito, no bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, o padre Juarez Murialdo Dalan lançou, há um ano e meio, os chamados 'encontros em células'. São reuniões semanais de 12 fiéis - como os apóstolos que se encontram nas residências para orar e conversar sobre suas ações. A experiência frutificou - hoje os grupos já são 13. 'A ideia da célula é a multiplicação', explica o padre Juarez. Para ele, uma das maiores vantagens da igreja nos lares é o ambiente.

"Entre os evangélicos, também se multiplicam os cultos nos lares. Em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, o pastor pentecostal Diego Martinez faz cultos residenciais e supervisiona encontros semanais com grupos de dez a 40 pessoas, que celebram a Santa Ceia com pão e suco.

"No Rio, o pastor evangélico pentecostal Osias Rocha Matos promove cultos estritamente residenciais e adota o nome 'igreja sem templos'. Ao todo, já são 400 fiéis. 'Não cremos que a igreja tenha que ter uma sede', diz o pastor. 'O objetivo maior é fazer discípulos.'

"A ideia foi crescendo e algumas igrejas até inseriram a metodologia de células no nome, como a Igreja Celular Internacional. 'É uma proposta que produz crescimento muito rápido', explica o sociólogo.


"A igreja em células também é usada por novos movimentos leigos dentro do catolicismo - missionários que querem ter uma vivência intensa, mas sem adotar a vida religiosa. Um exemplo é a Comunidade Fanuel, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo. O grupo adotou, há dois anos, o modelo de células e hoje já são 30 com cerca de 12 membros cada.

"Os encontros nas residências, de uma hora e meia, são informais e sem a presença de um padre - só de missionários. Também não há santo, vela ou crucifixo. Começam sempre com uma refeição, a partir da qual surgem debates e orações. 'Ao mesmo tempo que as reuniões respondem às necessidades dos participantes, também atraem quem está de fora', diz o missionário César Machado Lima. Uma vez por mês, é feita uma prestação de contas ao padre e ao bispo da localidade. Assim como o alto comando de Roma, os relatórios são aprovados e incentivados. Afinal, a pregação básica é: a Igreja deve ir onde o povo está."
Pr. Marcelo Dias